quinta-feira, 23 de abril de 2009

Perdidos do outro lado.

Imagine você, viajando por outros países, conhecendo novos lugares e pessoas. Sem sombra de dúvidas é uma das melhores sensações que alguém pode ter, só de poder conviver numa cultura diferente, saborear os diferentes temperos de cada lugar. Mas, e se não fosse só uma viagem? E se por algum motivo, você tiver que morar em um país distante, e cair lá de supetão? Sem conhecer direito a cultura, línguas ou costumes.. pois é, por causa de dificuldades financeiras muitos dos brasileiros de descendência japonesa optam por tentar a vida lá, do outro lado do planeta. Muitos ainda, acham que sabem tudo sobre o país, que o Japão pode ser resumido ao bairro da Liberdade e que será tudo às mil maravilhas. Não é tão simples assim. Posso listar alguns dos probleminhas que você pode encontrar..  


1. A comunicação. É difícil aprender o japonês, como acontece com qualquer outra língua. Mas, é ainda mais difícil porque a base lingüística não é latina (espanhol, francês, italiano) ou anglo-saxônica (inglês), ou seja, quem nunca estudou ou não está acostumado, não consegue nem enrolar e muito menos entender o que se fala. Quem dirá ler todos aqueles ideogramas. E ao contrário do que muitos pensam, a maioria das estações de metrô e trem não tem uma placa sequer escrita em inglês, e não esperem que um guarda ou funcionário possa te ajudar, no sistema de educação japonesa o inglês só é incluído no ensino médio. O básico que eles conseguem falar, você não consegue compreender nem com leitura labial... por quê? A fonética deles é diferente, eles têm muito mais dificuldade de emitir alguns sons como o do “L” ou do “V”.


2. A comida. É muiiiittttooooo CARA! Se você achar que vai comer bife, arroz, feijão e banana à milanesa todos os dias, HA-HA para você! 90% da carne vendida nos supermercados é importada, feijão você só encontra em lojas especializadas com um preço muuuuito diferente dos no máximo R$2,60/kg que pagamos aqui, o arroz é aquele que vem com o lema “unidos venceremos” que muitos não gostam, e por fim, a banana.. 1 dúzia = R$2,50? NEM PENSAR! Encontrar a dúzia inteira junta já ia ser um milagre.. lá a banana é vendida com preço UNITÁRIO ou no máximo 3, por míseros ¥350 (R$7,90) por pacote.


3. Os gastos. Água, luz, moradia, transporte. Se não bastasse só isso.. ainda têm todos os outros: internet (sim, é SUPER RÁPIDA!), eletrônicos (câmeras, tv, videogames,etc..), karaokê, bares (lembrando que você só pode beber e fumar se tiver mais de 20 anos – apesar de ambos serem vendidos livremente nas vending machines ), etc, etc, etc...



Tem muitos outros problemas, como data que você pode colocar lixo orgânico e não incinerável, o quanto você engorda por ter tantas besteiras para comer, além do trabalho de pião e todo o preconceito que o brasileiro sofre lá. A última coisa que querem se preocupar é com banco, contas correntes... e aí está o ponto que quero chegar! 
Temos opções de bancos que conhecemos, e isso é ótimo! Banco do Brasil, Banco Real, Bradesco, Itaú... então qual escolher?

No case que lemos, o Bradesco está entrando aos poucos no país.. com um planejamento muito bem estruturado, graças a uma forte equipe de gestores, o projeto tomou formas. Mas, provavelmente, seus concorrentes também fizeram tudo isso e mais um pouco, lembrando que o banco em questão está em terceiro lugar, atrás do Banco do Brasil e Itaú, que por acaso não hesitaram em investir alguns milhões no projeto do Mobile Banking. Aqui no Brasil, achar agências bancárias na rua é uma das coisas mais fáceis de se fazer, todas com suas características: cores, logos e estruturas que se destacam. Quando se caminha nas ruas estreitas do Japão, não seria difícil notar os bancos brasileiros se mantivessem a mesma aparência lá. Já vi, com alguma dificuldade, o Banco do Brasil, o Itaú.. mas nunca o Bradesco..

Nem em sonhos imaginaria que eu teria que entrar em uma agência da Mitsubishi UFJ (a UFJ Group se fundiu com o Mitsubishi Tokyo Financial Group em 2005) para encontrá-lo. E a sensação de ter que entrar em um banco japonês, enfrentar todas aquelas barreiras culturais e até xenofóbicas? Mesmo sabendo falar fluentemente, ter uma aparência nikkei, estou muito longe de ser considerada “nativa”.. imaginem então, alguém que vai ao país para trabalhar como operário, sem saber falar, ler ou escrever em jp, e que ainda pode ser mestiço? Apesar de toda ginga brasileira, é fato que o povo japonês tem um muro muito maior e mais grosso que dificilmente será ultrapassado.

Para juntar-se a tudo isso, temos a nossa já bastante conhecida Crise Econômica (que acabou com tudo e mais um pouco - hahaha) , que fez com que a Mitsubishi UFJ registrasse, no final de 2008, um prejuízo de 42 bilhões de ienes equivalente à bagatela de US$466 milhões. Ainda anunciou que vai fechar 50 agências, demitir 1000 funcionários, acabar com 200 caixas eletrônicos e realocar 1000 funcionários (ler a notícia aqui). Será ainda mais difícil encontrar um Bradesco lá se continuarem com a teimosia de manter todas as operações dentro do UFJ.

Bjos Voyage.

Um comentário:

  1. Isso demonstra o quanto a internacionalização ainda é um enorme desafio para os gestores das organizações! Por isso, estar a aberto a novas culturas, saber compreender as diferenças e agir de forma integrada com elas, são caracteristicas que os gestores de empresas multinacionais ou que pretendem se internacionaliza(vcs amanha!!) devem se preocupar em desenvolver. Bom relato e analise!

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